O indivíduo que sofre de ansiedade generalizada tem preocupações com várias áreas da vida e pensamentos de catástrofes, vivenciando no corpo e na mente sintomas de irritabilidade, fadiga, dificuldade de concentração, sensação de perigo eminente, dores de cabeça e no corpo, problemas gastrointestinais, dificuldade para respirar, sudorese, queda ou aumento da pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos. Situações rotineiras tornam-se ameaças constantes, fazendo com que o ansioso se encontre em um estado paralisante. Na ansiedade a sensação de perigo apresenta-se sem a presença de qualquer objeto, situação ou perigo real.
De acordo com Freud (1926) a ansiedade é uma questão central da neurose e procura explicá-la ressaltando a sua importância e o seu lugar na vida psíquica. Assim, a ansiedade ou angústia está relacionada com situações traumáticas e de perigo. A angústia equivale a um produto do desamparo mental da criança, semelhante desamparo biológico, onde o ego é desamparado à própria sorte diante das excitações às quais não consegue lidar. Também há a relação entre desamparo e a angústia de castração, onde Freud (1926) assinala que a privação ou perda do objeto equivale a uma renovada separação da mãe, e isto, significa estar exposto a uma tensão e sensação desagradável de desamparo, devido à sua necessidade pulsional, como no nascimento. Tal sensação é revivida em momentos de privação e separação da mãe e na perda dos objetos de transição (o seio materno, o olhar, a voz, as fezes e o falo). A sensação de desamparo equivaleria analogamente à situação do nascimento em que ela é retirada do ventre materno e entregue ao mundo sem proteção ou qualquer garantia, exposta a um perigo constante.
Para Freud (1926) o homem vivencia a ansiedade no nascimento, considerando os estados de ansiedade como uma reprodução do trauma do nascimento. Sendo assim, como o inconsciente é atemporal, as sensações relacionadas ao desamparo psíquico e emocional vivenciadas na infância e que até então foram rechaçadas, aparecem na vida adulta em forma de sintomas.
De fato o transtorno de ansiedade vai além de sintomas apresentados no corpo, está em pauta questões bem mais profundas do indivíduo, vivenciadas em sua infância e que de alguma forma foram rechaçadas no inconsciente, a princípio, para evitação da sensação dolorosa vivida e fantasiada anteriormente relacionada ao desamparo ou abandono. São situações nas quais existe para o indivíduo a perda de controle sobre ele mesmo e sobre sua vida, além de experimentar os sintomas físicos, o indivíduo apresenta também a sensação real do desamparo, da falta de apoio e da rejeição.
Na análise ou psicoterapias, o indivíduo toma consciência do conteúdo gerador dos sintomas identificando os conflitos e traumas mal resolvidos, e na maioria das vezes os sintomas perdem a força ou até mesmo desaparecem.
Referência:
OLIVEIRA, K. M. F.; SANTOS, J. W. Transtorno de ansiedade generalizada em adultos – uma visão psicanalítica. Revista Científica Eletrônica de Psicologia. Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF), Vol.33, n.1, Novembro 2019.
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